sexta-feira, 7 de abril de 2017

Sobre jogar e colecionar

Somente quem nunca saiu do Brasil ainda pensa, em pleno século XXI, que videogame é coisa de criança. Antigamente, o mercado de games era realmente focado no público infantil. Uma grande parte de nós colecionadores joga, e conserva também os nossos games antigos, pelo valor do símbolo nostálgico que isso representa, ou que representou em algum momento da vida.
No entanto, hoje em dia quando a indústria dos videogames lucra mais que a do cinema em bilhões de dólares, repito "bilhões de dólares", os jogos são mais focados no público jovem quase adulto e adulto, com temas mais complexos que envolvem história, filosofia, mitologia, ciência, política, e muitos outros, gráficos cada vez mais realistas e cinematográficos. Jogar videogame se transformou numa atividade cultural assim como ler algum livro de ficção, frequentar uma peça de teatro, ouvir uma boa música, ou assistir um filme. Na verdade, pode ser quase todas essas atividades ao mesmo tempo.

O videogame é uma cultura midiática. Nele você insere histórias, livros, obras de arte, músicas, e outros produtos, que podem ser acessados dentro dessa realidade virtual, dentro dessa ferramenta de comunicação, e cada vez mais, de integração entre todas as pessoas do mundo, assim como o telefone, o e-mail, as redes sociais, etc.

Ademais, no Primeiro Mundo, pessoas de todas as idades jogam, seja no computador, no celular e no tablet, nos consoles de videogames de mesa e portáteis. Poderíamos considerar até o Facebook como uma forma de jogo, no qual você busca agregar status, adeptos para a sua causa e opinião, ou na construção de uma lista de amigos extensa, e por aí vai.


Existem pessoas bem sucedidas, profissionalmente e socialmente, nos EUA, na Europa, na Ásia que possuem coleções gigantescas de videogames, que também são investimentos financeiros, e que jogam durante toda a sua vida, mas que inclusive nunca deixaram que sua atividade cultural particular atrapalhasse o seu dia a dia. Pelo contrário, em muitos casos, os videogames auxiliam no aprendizado de outros idiomas, culturas, valores morais, além do desenvolvimento do raciocínio lógico matemático na resolução de problemas.


Muitos jogadores trabalham na área tecnológica, nas ciências da computação, elaborando jogos e outros programas de computador, utilizados por todas as pessoas do mundo.


Dessa forma, apenas quem nunca sequer passou um dia num país de Primeiro Mundo, nessa típica mentalidade de brasileiro analfabeto e caipira, pensa ou "julga pensar" que videogames são apenas ferramentas de entretenimento para crianças. Sinceramente, eu não empregaria nenhuma pessoa desse tipo em minha empresa, e recomendo a todos que também façam o mesmo.


Célio Azevedo.
Comunicador, empresário e pensador.